Crimes
Responsáveis do mítico Impacto Club julgadas por lenocínio
Duas mulheres responsáveis pelo Impacto Club em Coimbra começam a ser julgadas na quarta-feira, num processo em que são acusadas de explorar sexualmente várias mulheres, com as quais terão tido ganhos superiores a 700 mil euros.
Para além das duas mulheres, são também arguidos a empresa constituída para gerir o estabelecimento e dois empresários da zona de Lisboa acusados de angariar mulheres para as boates.
De acordo com a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público (MP) requer que seja declarado a favor do Estado o valor de 735 mil euros, acreditando que foi essa quantia que os arguidos angariaram com a exploração sexual de mulheres entre 2007 e 2014, a maioria estrangeiras e em situação ilegal no país.
Segundo o Ministério Público, uma das arguidas, de nome Adriana, vivia “há muito à custa do ganho das prostitutas”, tendo explorado no final dos anos 90 e no princípio do século XXI a residencial “Camélias Club”, na Mealhada, juntamente com outra mulher, conhecida por ‘Madame Filipa’, entretanto falecida.
Apesar das várias condenações, a arguida continuou o seu propósito de continuar a atividade, tendo criado, em 2007, uma nova casa de alterne e prostituição, no Monte Formoso, Coimbra, de nome “Impacto Club”, em colaboração com a sua sobrinha, também arguida no processo, alega o MP. As duas constituíram uma sociedade para explorar o espaço.
Em 2011, Adriana regressou ao “Camélias Club”, visto que a antiga proprietária ficou doente, gerindo, ao mesmo tempo, o “Impacto Club”, conta a acusação.
O Ministério Público relata que trabalhavam nunca menos de 15 a 20 mulheres por noite no “Impacto Club”, sendo que “acediam ao relacionamento sexual se a proposta partisse do cliente”.
Quando um cliente estava interessado, antes de se dirigir para o ‘privado’, era conduzido até à caixa, onde pagava o seu cartão de consumo e o da mulher que o acompanhava, acrescido do valor de 30 a 40 euros por 30 minutos, sendo que o valor poderia ascender até um montante de 150 a 200 euros, dependendo do serviço.
“Cada relação sexual era anotada no cartão de consumo de cada mulher através da aposição de um ‘X'”, explica o MP.
Dentro do estabelecimento, as mulheres tinham de cumprir um conjunto de normas “bastante apertado”, nomeadamente ter um ganho mínimo por semana de 300 euros, salienta a acusação.
O Ministério Público refere que Adriana era ainda proprietária de um apartamento, que estava equipado com câmaras de vigilância, onde ficavam alojadas algumas das mulheres.
No processo, o MP contabilizou mais de 20 mulheres exploradas pelas duas arguidas, sendo a maioria de nacionalidade estrangeira, em situação de permanência ilegal e que tinham sido ludibriadas a vir para o país, com a ideia de desempenhar apenas ‘striptease’.
Todos os arguidos no processo, um total de cinco (quatro pessoas e uma empresa), são acusados de um crime de lenocínio agravado.
As duas responsáveis pela empresa são acusadas ainda de um crime de auxílio à imigração ilegal (juntamente com um dos ‘angariadores’ de mulheres) e de um crime de branqueamento.
O julgamento começa na quarta-feira, às 09:30.
Related Images:
PUBLICIDADE