Coimbra
Câmara e Universidade querem Estado a requalificar Coimbra
A classificação de Coimbra como Património da Humanidade é muito importante para a cidade e para Portugal, mas esse património tem de ser reabilitado, tarefa que é responsabilidade de todo o país, sustentam Universidade e Câmara.
O reconhecimento da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) cria “orgulho e tem vantagens para Coimbra e para Portugal”, mas tem implicações como a requalificação das áreas classificada e de proteção, afirma à agência Lusa o presidente da Câmara, Manuel Machado, a propósito dos primeiros seis meses após a classificação (a 22 de junho).
PUBLICIDADE
Este “espaço urbano característico e de grande importância para Coimbra e para Portugal precisa de financiamentos específicos” para intervenções de requalificação e preservação, defende o autarca.
“As entidades locais envolvidas, tal como os particulares, só por si, não dispõem de dinheiro que chegue para essas intervenções”, afirma Manuel Machado, adiantando que, por isso, tem vindo a ser sublinhada a “necessidade de o próximo quadro comunitário de apoio acolher uma dotação específica” para esse efeito.
“No fundo”, trata-se de criar “uma discriminação positiva, que que é justa, dado que a classificação de Património Mundial é de interesse nacional e corresponsabiliza também a Universidade, os proprietários e os moradores desta área e o Estado central”.
É necessário “mobilizar fundos comunitários para esta intervenção”, insiste Manuel Machado, advertindo que não se trata apenas de ação física, mas também de “uma requalificação social”, atraindo “pessoas, moradores, para esta parte da cidade”.
“A Câmara já deu um contributo, nomeadamente em sede fiscal” ao decidir, por exemplo, minorar em 30% a taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis para os edifícios situados na zona classificada e área de proteção.
“Mas isso é apenas um contributo que não chega para alavancar a intervenção profunda que se deseja” e “o Estado, como um todo, tem de tomar uma posição consentânea com o júbilo que declarou sentir” por esta classificação, sustenta o presidente da Câmara.
Desde o reconhecimento pela UNESCO que se tem “verificado um afluxo maior de turistas” à Universidade, mas “mais significativo do que isso” é o facto de ela “estar a ser procurada, como nunca, por jornalistas de todo o mundo e por operadores turísticos”, cujos efeitos se começarão a sentir, por certo, em 2014, afirma à agência Lusa a vice-reitora da Universidade Clara Almeida Santos.
A televisão pública japonesa esteve, recentemente, durante uma semana, a filmar em Coimbra e a principal revista de arquitetura dos EUA dará grande destaque, no seu número de janeiro, à zona classificada, exemplifica a vice-reitora, sublinhando que o interesse dos media pela Universidade, após o seu reconhecimento pela UNESCO, surge dos mais diferentes países.
Mas “há muito trabalho a fazer”, reconhece Clara Almeida Santos, afirmando que é preocupante que “a Universidade não tenha “nenhum apoio especial para a gestão e conservação” do seu tão vasto e importante património.
Além de ser uma das apenas cinco universidades no mundo classificadas como Património da Humanidade, a Universidade de Coimbra possui especificidades muito próprias, como a de possuir e gerir instituições como o Estádio Universitário ou o Teatro Académico Gil Vicente, exemplifica a vice-reitora.
Related Images:
PUBLICIDADE