O deputado na Assembleia da República e presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Pedro Alves, concordou hoje com a maioria dos factos descritos na primeira sessão do julgamento em que é acusado de atropelar uma cantoneira em 2016.
No julgamento, que decorreu no Campus da Justiça, em Lisboa, o arguido Pedro Delgado Alves, atualmente com 38 anos, foi acusado pelo Ministério Público (MP) de um crime de ofensa à integridade física por negligência grave, punível até dois anos de prisão ou multa de 240 dias.
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A sessão foi conduzida pela juíza Paula Lajes, que leu o despacho de acusação onde consta que o deputado do Partido Socialista conduzia um automóvel na Avenida Almirante Gago Coutinho, sentido Norte/Sul, na segunda fila de trânsito (faixa do meio), pela 01:50 de dia 17 de maio de 2016, quando se deram os factos pelos quais está acusado.
Na primeira fila de trânsito “encontrava-se momentaneamente parado” um camião de recolha de lixo, “devidamente assinalado, com as respetivas luzes de cor amarela ligadas”. A vítima, que se constitui assistente do processo, fazia parte da equipa de cantoneiros de recolha de lixo urbano e “encontrava-se de pé, apoiada no estribo do lado esquerdo existente nas traseiras” do veículo pesado.
“Nesse momento, quando o arguido se aproximava do local onde se encontrava parado o veículo pesado de recolha de lixo, perdeu o controlo de veículo, saiu ligeiramente da sua fila de trânsito e foi embater com a frente, lado direito, do veículo por si conduzido, no veículo pesado de recolha de lixo, do lado esquerdo, junto ao estribo”, revela a acusação, que acrescenta que o automóvel do arguido “acabou por embater também na ofendida”.
Do acidente, e de acordo com a acusação, “resultou perigo para a vida” da vítima, que ficou 596 dias de baixa médica.
Pedro Delgado Alves foi o primeiro a falar durante a sessão, explicando que “perdeu o controlo da viatura quando tentava centrar o carro na faixa de rodagem” por lhe parecer que estava “demasiado junto” do camião do lixo e o que pretendia era fazer uma passagem em segurança.
“Dirigia em direção a casa, ao fazer o percurso circulava na faixa central [a da direita é via BUS] e, ao aproximar-me da viatura do lixo, quando reduzo a velocidade de quarta para terceira, para recentrar o carro, desviando-o, a direção do carro bloqueou a meio da manobra e, numa questão de segundos, estou em cima do carro da recolha do lixo”, explicou Pedro Delgado Alves.
De acordo com o arguido, o carro tinha estado na oficina a fazer a revisão na semana que antecedeu o acidente, reportando ao tribunal, igualmente, que não se tratava da primeira vez que a direção tinha ficado bloqueada.
“Já tinha acontecido outras vezes durante o estacionamento, mas em estrada foi a primeira vez que aconteceu, nada o fazia prever”, disse, acrescentando que o primeiro sinal de alguma anomalia se fez com o acender das luzes no painel de instrumentos.
Pedro Delgado Alves reconheceu ter perdido o controlo do seu veículo quando o que tentava fazer era passar com a devida segurança pelo carro do lixo que, apesar de parado, estava com trabalhadores a operar, sendo que a vítima, estava em pé, no estribo, na traseira esquerda do carro.
O arguido reconheceu a maioria das acusações, mas tem dúvidas de ter colocado em perigo a vida da cantoneira.
A advogada de acusação, Maria José Guimar, questionou o arguido sobre o facto de este “não ter travado ou buzinado”, acrescentando que ligou para a marca do carro acidentado e que lhe terão explicado que “o volante não bloqueava”, mas que o que teria acontecido seria “ter ficado sem a direção assistida”.