Coimbra
Escola Agrária de Coimbra vai estudar a regeneração do eucalipto
Um projeto de investigação liderado pela Escola Agrária de Coimbra e que junta mais três instituições do país vai estudar, durante três anos, a regeneração natural do eucalipto e a sua capacidade de expansão ao longo do tempo.
O projeto, intitulado “Wildgum II”, conta com 11 investigadores do Instituto Politécnico de Coimbra (onde está integrada a Agrária), da Universidade de Lisboa, da Universidade do Porto e do Centro de Investigação RAIZ (detido pela empresa de celulose Navigator), para além de contar ainda com quatro consultores internacionais na área da genética florestal, disse à agência Lusa o coordenador da investigação, Joaquim Sande Silva.
Se o primeiro projeto procurou perceber “quais os fatores que favoreciam a regeneração natural do eucalipto em Portugal” em quatro escalas distintas, esta segunda iniciativa pretende “perceber exatamente qual é a dinâmica da regeneração natural”, com recurso à caracterização genética e à utilização de imagens satélite e cartografia para uma análise espacial, esclareceu.
Os dados recolhidos “permitirão produzir modelos que poderão dar uma estimativa de qual é o potencial da regeneração da espécie” em Portugal, salientou o docente da Escola Agrária de Coimbra.
“Como é que, a nível local, a espécie se comporta em termos de reprodução? De que forma é que as plantas que são originadas da planta mãe e começam a reproduzir e originam uma nova geração? Qual a velocidade de expansão dessas manchas? São perguntas difíceis de responder, porque não há trabalhos de monitorização de longo prazo feitos em locais específicos do país que permitam responder a essa questão”, afirmou Joaquim Sande Silva, referindo que a exceção é a Tapada de Mafra, o único caso documentado da expansão de eucalipto para lá dos 100 metros da árvore mãe, em que a área dominada pelo eucaliptal aumentou de quatro hectares para 64, entre 1975 e 1995.
Ao utilizar a caracterização genética das árvores, o projeto permite obter “informações inéditas sobre a estrutura genética dessa população, nomeadamente como se faz o processo de fertilização e reprodução, de onde vêm os gâmetas masculinos e femininos”, realçou.
“Esta é uma espécie que deveria ser só plantada e há características que desconhecemos completamente das plantações novas, regeneradas naturalmente”, acrescentou.
“Queremos aumentar o conhecimento para que haja uma consciência clara da regeneração natural da espécie e da sua expansão para outros locais, para depois se poderem tornar medidas a esse respeito e garantir que haja melhores práticas em termos de gestão florestal”, disse.
Para o estudo, o projeto está neste momento a identificar áreas com um longo histórico de ocupação de plantações de eucalipto isoladas em situação de abandono, procurando incidir em particular sobre áreas queimadas, visto que os incêndios potenciam a capacidade de reprodução e regeneração da espécie.
Ao mesmo tempo que avalia as origens da expansão, o projeto pretende também perceber o efeito das populações de eucalipto provenientes da regeneração natural nos ecossistemas adjacentes.
O projeto é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
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