Coimbra
PSP diz que assaltantes de estádio na Figueira da Foz não foram detidos porque crime obriga a queixa
Os dois suspeitos de assalto ao estádio municipal da Figueira da Foz, detetados no sábado no interior das instalações desportivas, não foram detidos porque o crime de furto necessita de queixa, disse hoje fonte da PSP.
“Os suspeitos não foram detidos porque é um crime semipúblico que necessita de queixa. E até hoje de manhã não tinha sido formulada queixa [por parte do município da Figueira da Foz]”, disse à Lusa fonte do Núcleo de Imprensa e Relações Públicas do Comando da PSP de Coimbra.
Os crimes de fruto simples ou dano simples, pelo qual os suspeitos estarão indiciados, são semipúblicos e necessitam de queixa, ao contrário, por exemplo, dos crimes de roubo, furto qualificado ou dano qualificado que são crimes públicos e não necessitam de queixa.
Na manhã de sábado, dois homens foram identificados pela PSP da Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, no interior das instalações do estádio municipal José Bento Pessoa – infraestrutura desportiva que está encerrada, deteriorada e à espera de requalificação – quando alegadamente procediam ao furto de material metálico e sucata, dali retirado e colocado num furgão.
A fonte da PSP indicou que foram furtados “metais não preciosos”, recuperados e alegadamente retirados do interior da viatura e que os dois suspeitos entraram no estádio municipal por um portão “que estava aberto”.
“Não houve arrombamento nem escalamento”, precisou, argumentando que os dois homens foram identificados e que, após ser apresentada queixa, irá decorrer uma investigação.
Hoje, na reunião do executivo municipal, questionado pelo PSD sobre o sucedido, o presidente da Câmara Municipal, João Ataíde (PS), criticou a “displicência” de quem destrói ou danifica património público e enfatizou que “não há tolerância” para quem o faz.
“É tolerância zero”, enfatizou João Ataíde.
O presidente da autarquia frisou que o estádio José Bento Pessoa, inaugurado em 1953, é um espaço “antigo” que “estava trancado” e que a situação “não tem a ver com questões de segurança”.
“Não havia valores que merecessem segurança acrescida. A forma de destruir ou tirar metal é selvática, não tem prevenção possível”, defendeu.
Sobre o sucedido na manhã de sábado, João Ataíde frisou que após os intrusos terem sido detetados, a opção do funcionário autárquico foi de “chamar imediatamente a polícia” e, com os elementos policiais no local, “recolher o máximo de prova”.
Os dois suspeitos, ainda segundo João Ataíde, “responderam que estavam [no local] a coberto de uma outra solicitação”, ou seja, a mando de outrem.
“Seremos absolutamente implacáveis com estes ou com quem estiver a mandatar”, observou o autarca.
Em declarações anteriores, fonte da autarquia disse que um dos homens identificados por suspeita de furto alegou que estaria no local a cumprir ordens de Marco Figueiredo, antigo colaborador da Naval 1º de Maio (clube que utilizou o estádio durante mais de 20 anos, mediante protocolo, denunciado pela autarquia por incumprimento em 2014) e atual vice-presidente da Naval 1893, associação que sucedeu desportivamente àquela agremiação – argumento que o visado nega.
“Isso é uma calúnia, arranjou essa desculpa para se safar porque sabia que eu era da Naval”, disse à Lusa Marco Figueiredo.
Na semana passada, um camião-grua de recolha de sucata com três ocupantes foi visto a carregar material, durante o dia, junto ao recinto (que, embora propriedade do município, é conhecido como o estádio da Naval), mas a sua presença terá sido ignorada, porque quem o avistou pensou que estava ali a serviço camarário.
Nessa altura, foi detetado o desaparecimento de torniquetes e de outros materiais, sendo que, de acordo com a Câmara Municipal, os furtos e atos de vandalismo no estádio José Bento Pessoa ascendem a dezenas de milhares de euros de prejuízos.
Os danos já identificados incluem o desmantelamento da estrutura metálica da ‘manga’ extensível que os jogadores de futebol usavam para percorrer o caminho entre os balneários e o relvado, torniquetes junto à bancada central retirados com recurso a um maçarico, desaparecimento de torneiras em casas de banho que foram destruídas e vandalizadas, portas e painéis laterais e até os bancos de suplentes, entre outros.
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