Saúde
Bastonário dos médicos condena “declarações falsas” dos representantes dos enfermeiros
O bastonário da Ordem dos Médicos condenou hoje as “declarações falsas” dos representantes dos enfermeiros em relação aos médicos, considerando que essas “afirmações irresponsáveis” acabam por criar “um clima de conflitualidade” entre os profissionais.
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As afirmações de Miguel Guimarães surgiram na sequência de declarações feitas na segunda-feira da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, e da presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), Lúcia Leite, que questionaram o trabalho dos médicos.
“Um médico no primeiro ano de internato não é um médico” ou “um enfermeiro faz exatamente o mesmo” que um médico foram algumas das afirmações que levou a que a Ordem dos Médicos (OM) reagisse hoje em conferência de imprensa.
“Estas declarações são falsas, atentatórias da dignidade dos médicos portugueses e por isso totalmente inaceitáveis”, afirmou o bastonário dos médicos, considerando que “nada justifica as intervenções” das duas responsáveis.
Para a OM “tentar colocar enfermeiros e médicos em guerra aberta apenas contribui para agravar a situação complexa que se vive atualmente” no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Reconhecendo que “o SNS não está bem” e que a “situação é insustentável”, o bastonário lembrou que os problemas não existem apenas na classe dos enfermeiros: “Todos os profissionais de saúde têm sido sistematicamente desvalorizados e desrespeitados”.
“Defender que os enfermeiros precisam menos dos médicos, do que os médicos dos enfermeiros; ou sugerir que os médicos internos não são médicos e que tomam menos decisões clínicas do que os enfermeiros são proclamações estéreis, que apenas servem para fomentar uma divisão indesejável entre profissionais”, considerou, criticando as dirigentes dos enfermeiros de propagandear “notícias falsas”.
O bastonário lembrou ainda que os médicos internos são “médicos inscritos na Ordem dos Médicos após 12 anos de ensino obrigatório e 6 anos de mestrado integrado em medicina” que, no primeiro ano do internato, trabalham 40 horas por semana e recebem 1.566,42 euros brutos por mês, o que representa cerca de 1.093 euros líquidos.
“Após esta fase, em que passam a ter autonomia e continuam a ter um horário de trabalho de 40 horas por semana – contrariamente aos enfermeiros que têm um horário de 35 horas por semana – iniciam uma formação especializada com duração de 4 a 6 anos, dependendo da especialidade que estão a frequentar”, afirmou, acrescentando que existem nesta situação cerca de dez médicos que são “um dos sustentáculos do SNS”.
Miguel Guimarães recordou que estes profissionais trabalham em equipa com os médicos especialistas no serviço de urgência, nos internamentos hospitalares, nos blocos operatórios, nas consultas externas e internas, nas unidades de cuidados intensivos e intermédios, no apoio aos doentes e seus familiares, na realização de relatórios médicos, na execução de procedimentos invasivos ou na investigação clínica.
No final do mês recebem 1.835,42 euros brutos, ou seja, levam para casa cerca de 1.255 euros.
O Bastonário acredita que os “milhares de doentes que estão nos hospitais sabem bem com quem é que lidam todos os dias e sabem bem o trabalho dos médicos internos”.
Sobre a decisão do secretário de Estado Adjunto da Saúde de suspender relações institucionais com a Ordem dos Enfermeiros na sequência de posições e declarações da bastonária sobre a greve em blocos operatórios, Miguel Guimarães preferiu não comentar.
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