Coimbra

Ministra da Saúde equaciona usar meios jurídicos face a nova greve dos enfermeiros

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 31-01-2019

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse hoje que equaciona usar meios jurídicos face à nova greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de hospitais públicos, referindo que esta paralisação levanta “um aspeto muito sério sobre questões éticas e deontológicas”.

Em entrevista à RTP, Marta Temido foi confrontada com a greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares, com início na quinta-feira e que se prolonga até 28 de fevereiro, após as negociações com as estruturas sindicais terem terminado hoje de forma inconclusiva.

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Questionada sobre a possibilidade de uma requisição civil, a ministra afirmou que, na atual lei da greve, essa solução não é possível se estiverem a ser cumpridos os serviços mínimos, mas advertiu para um “aspeto absolutamente incomum”, que é a duração da greve e para os serviços em causa, que merecem “serviços máximos”.

Marta Temido admitiu, sem detalhes, “equacionar outras alternativas de resposta e, eventualmente, meios de reação jurídicos” em relação a esta nova greve, que replica o modelo de uma paralisação de enfermeiros que decorreu no final do ano passado.

“Em última instância, esta greve, que já enfrentámos antes e que nos preparamos para enfrentar outra vez, convoca para uma reflexão sobre questões éticas, deontológicas e sobre o exercício do direito à greve”, observou, ressalvando que não está em causa a legitimidade das reivindicações.

“O que está em causa é o que este exercício poderá afetar”, afirmou, referindo que a última “greve cirúrgica” levou ao adiamento de 7.500 operações, das quais 45% já foram, entretanto, realizadas e que outras 45% estão programadas até março.

Marta Temido assinalou que o Governo tem feito “um esforço progressivo, intenso, de aproximação às várias reivindicações dos enfermeiros”, mas alertou que “não é possível fazer um reposicionamento que implique um aumento salarial de 400 euros para 42 mil pessoas”, apontando que só esta exigência implica um custo de 216 milhões de euros.

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“Tenho esperança, não obstante do que são as recentes notícias, de que da parte dos profissionais haja um juízo de ponderação que os leve a pensar naquilo que é o caminho que percorremos e no caminho que temos de percorrer no futuro, porque a vida não acaba agora”, declarou a governante.

Diálogo “haverá sempre, não há é margem para conseguir mais aproximação”, prosseguiu Marta Temido, concretizando: “Os portugueses não nos perdoariam se arriscássemos o futuro do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Isso não é governar, é ceder, é despejar dinheiro nas reivindicações das pessoas que temos à nossa volta”.

Apesar disso, a ministra concedeu que o Governo encara esta nova greve com “enorme preocupação”, embora considere que prevalecem dois problemas: “O problema dos utentes do SNS e o da sustentabilidade dos serviços públicos. Portanto, não podemos fazer escolhas que ponham em causa nenhum dos dois aspetos”.

A greve dos enfermeiros em blocos operatórios de sete hospitais públicos vai começar na quinta-feira às 08:00, estendendo-se até ao final de fevereiro.

A greve, convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), prevê abranger sete centros hospitalares: São João e Centro Hospitalar do Porto, Centro de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga e Garcia de Orta.

No final da semana passada, o Sindepor lançou um novo pré-aviso para alargar a greve a mais três centros hospitalares entre 08 e 28 de fevereiro: Centro Hospitalar de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.

À semelhança da última paralisação, a greve será apoiada por um fundo recolhido numa plataforma ‘online” e que angariou mais de 420 mil euros.

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