“Foram criados, no âmbito deste projeto, um conjunto de incentivos para a valorização dos próprios pastores, com a criação da escola de pastores e a escola de queijeiros, para valorizar a arte e engenho associado à produção de queijo”, anunciou a presidente da Inovcluster, Cláudia Domingues Soares.
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A dirigente desta organização falava na apresentação pública, em Mangualde, distrito de Viseu, do projeto de valorização da fileira do queijo da região Centro, que atinge três queijos de Denominação de Origem Protegida (DOP): Serra da Estrela, Beira Baixa e Rabaçal.
Na cerimónia, que contou com a presença do secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, e da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR Centro), Ana Abrunhosa, e o presidente da Câmara de Mangualde, João Azevedo, a responsável disse também que vão ser criados bancos de terra.
“A questão das terras, porque o acesso à terra é algo difícil atualmente e, portanto, estes bancos de terra são, no fundo, mais uma ferramenta no âmbito deste projeto que fica disponível para todos aqueles que a quiserem utilizar”, explicou.
Cláudia Domingues Soares, que lidera a organização que “tem o papel agregador e consertador dos 15 parceiros envolvidos”, entre comunidades intermunicipais, escolas superiores e associações do setor, disse ainda que o queijo “é valorizado, tem é um caminho a percorrer em torno do seu posicionamento”.
“Quer ao nível da rotulagem, da imagem, da comercialização, da internacionalização, ou seja, temos efetivamente muita qualidade. Não temos é muita quantidade, portanto carece trabalharmos todos juntos para conseguirmos posicionar este produto não só a nível nacional, mas também a nível internacional”, assumiu.
Dos quase 2,3 milhões de euros, 75% é financiado pelo programa Centro 2020, mas “só quando acabar a implementação deste projeto, dentro de dois anos, é que é possível medir resultados”, até porque, explicou, “um dos grandes impactos do projeto é o investimento privado que este projeto vai induzir, com este financiamento público”, que o secretário de Estado admitiu ser pequeno.
“Felicito esta pequena grande iniciativa. Pequena na sua dimensão e, agora já posso dizer porque já está aprovado, pelos recursos que envolve, porque se eu o dissesse antes naturalmente os promotores iriam querer uma maior fatia de financiamento, mas sobretudo simbólico porque de facto interpreta bem aquilo que queremos que o Portugal 2020 apoie”, disse Nelson de Souza.
O governante realçou a “importância de trabalhar em rede”, um trabalho “cada vez menos frequente e, por isso, deve ser sublinhado e acarinhado”, acrescentou, sublinhando que “hoje não chega ter a vantagem competitiva, é preciso ter gestão, inteligência e criatividade para fazer a diferença”.
A presidente da CCDR Centro destacou que “é possível, respeitando a tradição e a identidade, incorporar conhecimento, inovação nas atividades tradicionais sem perder aquilo que é a identidade” do produto.
“Inovar nas formas de valorização dos recursos procurando envolver, numa componente de ciência, investigação e inovação, porque por muito tradicional que a atividade seja, é sempre possível incorporar conhecimento, é sempre possível incorporar tecnologia”, defendeu.
Ana Abrunhosa destacou ainda que o “programa é muito pragmático” e isso pode confirmar-se nos “resultados estimados que não são muito ambiciosos, são realistas, porque foram construídos com grande realismo, tendo em conta as dificuldades a encontrar no terreno” e, neste sentido, disse que esperava que fosse possível “duplicar estes resultados”.
“Sob a chancela dos queijos de Portugal pretende-se fazer a promoção conjunta, naturalmente respeitando a identidade de cada marca, a identidade do queijo Serra da Estrela que foi eleito uma das maravilhas da gastronomia portuguesa e, portanto, também queremos contagiar esta notoriedade para o queijo do Rabaçal e para o queijo da Beira Baixa”, desejou.