CHUC
Manuel Antunes diz que cortes desmotivam a sua equipa
O diretor do Centro de Cirurgia Cardiotorácica (CCC) de Coimbra, Manuel Antunes, assegurou hoje que “nenhuma intervenção” foi cancelada no serviço por razões financeiras, admitindo que os cortes na saúde têm causado desmotivação na sua equipa.
“Isso entristece e desmotiva as pessoas”, além de tornar “as coisas sempre um pouco mais difíceis”, afirmou Manuel Antunes, questionado pela agência Lusa, na apresentação de um livro sobre os 25 anos de atividade daquele serviço dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
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Apesar de reconhecer dificuldades financeiras que os profissionais contestam, o cirurgião esclareceu que, “até este momento”, o CCC não teve de ”cancelar nenhuma intervenção por razões diretamente relacionadas” com os cortes no setor.
“Penso que até agora nenhum doente saiu prejudicado” devido a “esta situação crítica que o país vive”, disse.
Manuel Antunes confirmou, por exemplo, “que os salários, o preço das horas extraordinárias e os incentivos que são dados à transplantação” foram reduzidos “drástica e significativamente” e que “toda a gente que trabalha no serviço recebe menos nos salários”.
No Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos HUC (um dos hospitais públicos da cidade que integram atualmente o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, CHUC, liderado por José Martins Nunes), a produtividade tem vindo “sempre a crescer, a uma média de 3% por ano”, salientou.
Em 2012, o CCC realizou 1.864 intervenções cirúrgicas e 19 transplantes de coração, “num ano crítico para transplantação nacional”, apesar de se manter nos 25 a média de transplantes efetuados nos últimos dez anos.
“Nenhum outro centro do país atinge as 1.400 intervenções”, enfatizou Manuel Antunes.
A unidade de Coimbra “continua a fazer 60% por cento dos transplantes do país”, que dispõe de mais três centros de cirurgia cardiotorácica.
Em contrapartida, o centro dirigido por Manuel Antunes já efetuou 23 transplantes este ano.
“Chegaremos ainda aos 25 ou até ultrapassaremos”, acrescentou.
Nestes 25 anos de existência, foram cumpridas “todas as metas anunciadas” e o serviço “quer continuar a ser um exemplo na gestão intermédia de serviços hospitalares”.
Quando iniciou o programa da transplantação cardíaca, em 2003, o CCC “queria fazer 25 transplantes” por ano, “uma meta considerada talvez um pouco arrojada demais”, recordou o diretor.
“Tivemos sempre o cuidado de traçar metas realistas”, disse Manuel Antunes, revelando que “o transplante número 251” foi realizado esta semana, o que confirma “um cumprimento exato da meta” de 25 por ano proposta em 2003.
Anualmente, o CCC acolhe “vários doentes estrangeiros e também muitos doentes portugueses que estão nos Estados Unidos, no Luxemburgo ou na Alemanha”, entre outros países.
“Somos o maior serviço de toda a Península Ibérica em doentes tratados anualmente”, sublinhou.
Para José Martins Nunes, presidente do CHUC, o centro liderado por Manuel Antunes “é um dos serviços que têm transformado” os HUC “num hospital de excelência”.
Na apresentação do livro, interveio também Frederico Teixeira, professor jubilado de Medicina e presidente do Círculo de Amigos do Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos HUC, que anunciou para o próximo domingo a festa de gala que encerra o programa comemorativo dos 25 anos do CCC.
Trata-se de um encontro, com almoço, às 13:00, no Casino da Figueira da Foz, em que serão homenageados os nove profissionais que se mantiveram a trabalhar no centro desde o início.
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