Cidade

Vítimas de Pedrógão Grande temem que proliferação do eucalipto origine novas tragédias

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 14-12-2018

A Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) alertou hoje, em Coimbra, para o problema da regeneração e multiplicação espontânea do eucalipto nas áreas ardidas, por temer novas tragédias nos próximos anos.

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A presidente da AVIPG, Nádia Piazza, defendeu que as populações devem estar “preparadas para algo pior do que aconteceu em 2017”, com o fogo que eclodiu em Pedrógão Grande.

Na sua opinião, a tragédia poderá vir a repetir-se na região dentro de “poucos anos” se nada for feito, entretanto, para travar a rápida proliferação daquela espécie exótica nas zonas montanhosas devastadas pelo fogo de junho do ano passado.

“O eucalipto é uma exótica e também é uma invasora”, sublinhou, questionada pela agência Lusa sobre o assunto na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), onde proferiu uma conferência sobre catástrofes e acidentes coletivos.

Nádia Piazza dissertou sobre o tema “The New Normal – As Catástrofes e os Acidentes Coletivos como Eventos-Nascentes de Comunidades Resilientes face a um Estado Imprevidência”, na Sala Keynes, no âmbito do doutoramento “Território, Risco e Políticas Públicas”, coordenado pelo professor José Manuel Mendes, responsável máximo do Observatório do Risco do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.

Durante a conferência, a presidente da AVIPG revelou ser associada da Cooperativa Portuguesa do Medronho, para realçar que o medronheiro, espécie nativa de Portugal e da bacia do Mediterrâneo, tem características de “árvore bombeiro” e pode ajudar a proteger a floresta contra os incêndios.

Contudo, disse, vê-se eucalipto na zona destruída pelo incêndio de junho de 2017, em que morreram 66 pessoas e mais de 250 ficaram feridas, algumas com gravidade, sobretudo nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria.

A também jurista lamentou que, ao contrário da Pampilhosa da Serra – onde há uma semana se realizou o III Encontro do Medronho e do Medronheiro, na aldeia de Signo Samo, distrito de Coimbra –, não haja ainda plantações organizadas deste arbusto, de cujo fruto fermentado se extrai uma aguardente saborosa, surgindo também iniciativas empresariais para a comercialização do medronho em fresco ou em diversas aplicações inovadoras.

Com sede em Proença-a-Nova, a Cooperativa Portuguesa do Medronho é liderada pelo biólogo e produtor Carlos Fonseca, professor da Universidade de Aveiro, que, por indicação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), integrou em 2017 a Comissão Técnica Independente que investigou o grande incêndio de Pedrógão Grande.

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