Coimbra
Indignados denunciam alegado “clima de terror psicológico na administração da Universidade de Coimbra”
Uma “mensagem aberta” enviada por funcionários da Universidade ao Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, foi citada no último Conselho Geral desta instituição de ensino superior.
Nessa carta, a que Notícias de Coimbra teve acesso, um grupo de universitários manifesta a sua indignação sobre o alegado “Clima de terror psicológico na administração da UC”.
Os intitulados “Indignados da Administração da UC” afirmam na missiva que tem andado de mão em mão nos corredores da instituição que é “com extrema tristeza que nos dirigimos ao digníssimo Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, na qualidade de colaboradores da administração da Universidade de Coimbra, como a última esperança para reverter o clima persecutório e de intimidação que vivemos na administração da nossa Universidade”.
Segundo os indignados, “o comportamento déspota, tirano e hediondo da administradora da UC, Teresa Antunes, tem conduzido a um clima organizacional muito desfavorável para os trabalhadores da administração”.
“As exonerações recorrentes de mais de uma dezena de dirigentes da administração acarretou uma profunda desorganização dos serviços e um descontentamento generalizado dos professores, investigadores, bolseiros e fornecedores em áreas críticas como as Compras e Recursos Humanos, garante os Indignados.
“Ninguém contesta que hajam mudanças, elas existem em qualquer instituição, mas quando esses afastamentos são baseados em falsos pretextos e por motivos de cariz pessoal, teremos de dizer basta. Uma Universidade não pode estar refém dos estados de humor de uma dirigente que, por ter a <<bênção>> do Magnífico Reitor, faz tudo o que lhe apetece sem qualquer receio das consequências”, lamentam os Indignados, que elencam casos concretos que podem ser confirmados no Diário da República.
A nível dos Chefes de Divisão foram sete os dispensados: 3 das Divisões de Recursos Humanos; 1 da Divisão de Gestão de Projetos e Atividades; 1 da Divisão de Compras e Aprovisionamento; 1 dos Serviços do Edificado e 1 do Gabinete Técnico de Apoio.
Na comunicação ao Conselho Geral, os funcionários contam que “a administradora da UC deveria igualmente evitar tecer comentários sobre os dirigentes que estão sobre a sua direção.
“Afirmar que um dirigente foi para as termas (no seu período de férias) e que abandonou os colaboradores e os processos que tinha em mão ou afirmar que a abertura do concurso para o cargo de dirigente fez com que se “portasse melhor” não se coadunam com o cargo que ocupa”, lamentam os Indignados.
A saída de quadros técnicos da administração e os pedidos de mobilidade para outras Instituições e para outras orgânicas da UC, sintomáticos do clima de mau estar generalizado, são, segundo os Indignados, frequentes.
Acrescentam que “a capacidade de atratividade da administração é quase nula como se afere pelo reduzidíssimo número de candidatos ao concurso de mobilidade interna para a administração”.
A rotatividade dos(as) secretários(as) da administradora é atípica, já por lá passaram mais de 5 colaboradores, acrescentam.
Os Indignados lembram que este alegado “clima de perversidade institucional já tem reflexo na sociedade civil e as sucessivas notícias que denigrem a imagem da nossa Universidade são frequentes e que tanto nos envergonham, por sabermos serem verdadeiras”
A instrumentalização dos serviços de comunicação da UC em prol da administradora é evidente garantem os autores da missiva.
Embora o Magnífico Reitor tente promover a competência da administradora com alegações cujos fundamentos são enviesados, verdadeiros falácias, ou meros aproveitamentos de conjunturas, a verdade é bem diferentes e os exemplos são evidentes, frisam os funcionários da Universidade de Coimbra.
Os Indignados garantem que “a própria desagregação da equipa reitoral tem, para muitos, uma única causa: A administradora da UC. O poder formal e informal que possui supera o de qualquer vice-reitor. Bastará uma análise às anteriores saídas, que se iniciaram quando era ainda Chefe de Gabinete”.
Os funcionários terminam a comunicação dirigida ao Conselho Geral com duas citações: Já Abraham Lincoln referia ”Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”. Muito recentemente, José Manuel Portugal no seu artigo de opinião do Diário de Coimbra, de 31 de agosto, refere que a administradora da universidade é “uma força de bloqueio e, ao que parece, todos anseiam pela sua substituição urgente e imediata…”
Notícias de Coimbra estabeleceu contatos com vários indignados. Confirmam a autoria e envio da carta. Não dão a cara porque temem pelo seu futuro na Universidade de Coimbra.
Em pleno Conselho Geral, José João Sousa referiu que, “apesar de habitualmente não dar atenção a missivas não assinadas, não pode deixar de mencionar que, à semelhança de todos os membros do Conselho Geral tomou conhecimento de uma carta em que é posta em causa a Administração da Universidade”
O Conselheiro “salientou a sua perplexidade com o conteúdo, tendo solicitado informações sobre a sua eventual veracidade”.
“Sobre a missiva procedência anónima”, o Reitor limitou-se a responder que está totalmente eivada de dados e de menções factuais falsas, e que recusa veementemente o seu conteúdo”.
Sem explicar como é que chegou à conclusão que era tudo falso, João Gabriel Silva “lamentou que o autor não se anuncie para sua responsabilização”.
Questionada por Notícias de Coimbra, a Universidade de Coimbra respondeu através de Rui Marques Simões, assessor de imprensa, asseverando que “esta é uma carta anónima típica, repleta de falsidades objetivas”.
O ex-jornalista, vestindo a pele de jurista, acrescenta que “a eventual publicação desta carta corresponde designadamente a uma violação plena do artigo 3.º da Lei de Imprensa”.
Teresa Antunes, Administradora da Universidade de Coimbra, também respondeu a Notícias de Coimbra.
Ameaça que “enquanto visada das calúnias evasta difamação aí produzida, apenas posso refutar veemente todas as acusações veiculadas por V. Exa., uma vez que são completamente falsas. Face à sua gravidade e ao facto de constituírem atentado à minha honra e bom nome, pessoal e profissional, informo que as mesmas serão dirimidas em sede própria”.
João Caraça, que faz vida em Lisboa, é o Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra.
O responsável do órgão máximo da UC nunca respondeu aos nossos pedidos de esclarecimento e optou por não apreciar a missiva no Conselho Geral.
Graça Carvalho, a secretária do Conselho Geral, arranjou uma boa desculpa: “O Senhor Presidente do Conselho Geral está ausente do País”.
Mesmo que estivesse, já passaram 5 meses após o primeiro pedido de esclarecimento solicitado por Notícias de Coimbra.
Das competências do Conselho Geral destacam-se a eleição do Reitor (e, bem assim, em situação de gravidade para a vida da Universidade, a sua substituição, suspensão ou destituição), a apreciação dos atos do Reitor e do Conselho de Gestão, a proposta das iniciativas que considere necessárias ao bom funcionamento da Universidade e a aprovação das alterações dos Estatutos da Universidade, ouvido o Senado.
O Conselho Geral tem, “na sua constituição actual, 35 membros: dezoito representantes dos professores e investigadores, cinco representantes dos estudantes, dois representantes dos trabalhadores não docentes e não investigadores e dez personalidades de reconhecido mérito externas à Universidade de Coimbra”.
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