Coimbra
Silva no Gil Vicente
O cantor e compositor SILVA estreia-se na quarta-feira em Portugal, para revelar nos concertos agendados para Espinho, Coimbra, Leiria, Funchal e Lisboa as razões pelas quais é considerado, aos 25 anos, um dos novos valores da música brasileira.
De nome completo Lúcio Silva Souza, o jovem músico vai apresentar nos palcos portugueses o seu primeiro álbum, “Claridão”, que, a partir da sua formação erudita à base de violino e piano, transforma a sonoridade dos habituais instrumentos brasileiros com recurso à música eletrónica.
“Lembro-me da primeira vez que um dos meus tios, que é pianista, me sentou ao piano para aprender um tema de Schumann”, recorda SILVA em entrevista à Lusa. “Também gostava muito do filme ‘Música no Coração’, que via quase todos os dias, e numa aula de Teoria fiquei fascinado quando aprendi a escrever música no papel”.
Sendo “o caçula da família”, dentro de casa o jovem foi crescendo com os discos dos anos 80 que os seus pais e irmãos ouviam e, no seu círculo de relações externas, foram as preferências dos amigos que o impediram de ficar “preso apenas na música erudita” e o levaram a explorar novas opções – inspirado pela descoberta das “batidas eletrónicas, sintetizadores e rifes interessantes” dos Gorillaz.
“Corri atrás de pessoas para me ensinarem a fazer alguma coisa parecida com aquilo, mas tive que aprender sozinho, usando software e o [programa de edição] Soundforge para samplear sons”, conta o artista, admitindo que, durante vários anos, lhe foi difícil encontrar músicos que o acompanhassem no mesmo registo.
Isso mudou, contudo, com o lançamento do primeiro EP de SILVA, com cinco músicas em que “a despretensão talvez tenha sido um ponto positivo” e de que resultaram convites para concertos no Sonar, o festival de música eletrónica de S. Paulo, e na abertura dos espetáculos por The XX e Andrew Bird.
“Dois meses após lançar o EP na internet, recebi uma proposta da minha editora e já comecei a escrever novas músicas”, relata SILVA. “O meu irmão é o meu único parceiro de composição e sempre entende onde eu quero chegar como ninguém”.
Dessa parceria surgiram os temas que compõem o álbum “Claridão”, termo que o músico brasileiro descreve como “um neologismo bastante utilizado pelo poeta amazonense Thiago de Mello” e que considera adequado para uma coletânea de canções como “Cansei”, “Ventania”, “2012” ou “A Visita”.
“Gosto muito de contrapor sentimentos e, quando faço uma melodia doce, acho interessante colocar uma certa ironia na letra para equilibrar a composição”, explica o cantor. “‘Claridão’ acabou virando o título da faixa e do álbum, mas não tem nenhuma grande história por trás – é só uma palavra bonita, que expressa bem o momento do disco”.
Em apenas um ano, SILVA reconhece que o disco alterou a sua carreira, graças à reputação que lhe conferiu no Brasil e, inclusivamente, no Reino Unido e na Irlanda, onde viveu em 2009 para estudar Inglês à custa da receita angariada a tocar numa banda de rua. “Posso dizer que [graças ao álbum] vivi um dos anos mais divertidos da minha vida”, confessa. “Não queria que acabasse”.
Precisamente por isso, as expectativas do músico quanto à digressão portuguesa são altas. “Só ouvi falar coisas incríveis de Portugal”, garante. “Nunca ouvi críticas negativas”, acrescenta.
Essa eventual censura está reservada para si próprio. “Sou bastante crítico comigo mesmo e acho que isso me ajuda a manter os pés no chão”, observa o artista. “Ainda moro com a minha família e acho importante não perder a noção de quem você é nem de onde veio”.
Depois do concerto de quarta-feira no Auditório de Espinho, SILVA atua quinta no Teatro Académico Gil Vicente de Coimbra, sexta no Texas Bar de Leiria e sábado na Estalagem da Ponta do Sol, no Funchal, ilha da Madeira. No dia 30, o músico termina a tournée em Portugal com o espetáculo no festival Mexefest, em Lisboa.
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