Coimbra
6 meses para limpar Serra da Boa Viagem!
O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) disse hoje que os trabalhos de remoção de centenas de árvores que caíram ou foram destruídas na serra da Boa Viagem, Figueira da Foz, irão durar seis meses.
Em declarações aos jornalistas, durante uma visita ao local, na sequência da destruição provocada pela tempestade Leslie, Rui Rosmaninho, responsável das Matas Nacionais da região Centro do ICNF disse que a intenção daquela entidade estatal “é desenvolver trabalhos no curto prazo, mas que podem ser prolongados por cinco ou seis meses”.
O responsável do ICNF frisou que a remoção das árvores que estão a interromper dois troços de estrada entre a povoação da serra da Boa Viagem e o acesso ao miradouro da Bandeira, pela zona da capela de Santo Amaro – onde existiam as espécies originais, com cerca de 100 anos, plantadas entre 1911 e 1924, as mais altas e de maior porte, maioritariamente pinheiros, eucaliptos e cedros – “poderia ser feita no curto prazo”, mas que, por questões de segurança, a intervenção irá estender-se até final do inverno.
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“O ICNF decidiu fazer uma intervenção em dois momentos: primeiro, fazer uma avaliação de quais são as árvores que têm de ser retiradas os mais rapidamente possível, mas também fazer uma avaliação das árvores que estão em risco de queda”, sustentou.
“Algumas delas não são percebidas no momento. Portanto, teremos de aguardar pelo final do inverno para que esses exemplares arbóreos, depois de sujeitos ao rigor do inverno, demonstrem se têm estabilidade para permanecer na mata ou têm de ser abatidos entretanto”, afirmou Rui Rosmaninho.
Nas zonas da capela de Santo Amaro, Vale dos Cedros e Canto dos Eucaliptos, os caminhos de terra batida e a estrada de acesso desapareceram de vista, com árvores arrancadas pela raiz, outras partidas e tombadas, e o alcatrão tapado por copas de pinheiro e eucalipto, ramos, galhos e folhas, que tornam o percurso intransitável e quase impossível de cumprir a pé.
Rui Rosmaninho estimou que tenha sido afetada uma área de 50 a 60 hectares no núcleo central do parque florestal e derrubadas ou afetadas cerca de 200 espécies centenárias.
“Já temos noção do que ficou destruído, ainda não foi feita uma quantificação rigorosa das árvores que tombaram, que partiram e aquelas que estão com alguma instabilidade mecânica e podem vir a tombar a qualquer momento. Estamos a desenvolver esse trabalho para podermos apurar, dentro de uma a duas semanas, o efeito do Leslie aqui na Boa Viagem”, sublinhou.
Ouvido pela Lusa na visita de hoje, o vereador com o pelouro florestal da autarquia da Figueira da Foz, Miguel Pereira, assumiu a divergência com o ICNF em relação aos prazos de limpeza e desobstrução da zona afetada, manifestando-se descontente com a solução e considerando inaceitável o prazo de seis meses.
“Considero que sim [que é inaceitável]. Iremos junto do ICNF efetuar diplomaticamente as nossas diligências, colocar o nosso ponto de vista e tenho esperança, pelo menos a esperança é aquilo que nos move, que possamos antecipar estes prazos do ICNF”, declarou o autarca.
Miguel Pereira indicou ainda que o prazo de seis meses para eventual reabertura do parque florestal da serra da Boa Viagem ao usufruto da população “não satisfaz ” a Câmara Municipal.
“Claro que não posso ficar contente, tenho de entender no momento esta situação, mas nem eu nem a Câmara Municipal nem nenhum habitante da Figueira da Foz poderá ficar contente”, lamentou o vereador.
A Mata Nacional do Prazo de Santa Marinha, também conhecida por Parque Florestal Manuel Alberto Rei, em homenagem ao regente florestal que a plantou no início do século XX, possui cerca de 400 hectares e foi afetada por dois grandes incêndios, em 1993 e 2005, e um temporal em 2013, mas o núcleo central, que agora foi dizimado pela tempestade, tinha sobrevivido.
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