Coimbra
Paulo Furtado deixa Coimbra em Blues
O Coimbra em Blues está de regresso ao Teatro Académico de Gil Vicente, mas sem Paulo Furtado na direção, que diz que o festival que ajudou a criar não podia “estar mais afastado ética e artisticamente” do seu conceito.
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O músico, natural de Coimbra, assumiu a direção artística no regresso do Coimbra em Blues, em 2017, no Convento São Francisco, depois de um interregno de vários anos. No entanto, um ano depois, com a mudança do festival para o seu local de origem, o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), Paulo Furtado deixou de assumir a programação, referindo que não foi convidado para continuar ao leme do evento.
Em declarações à agência Lusa, o músico, conhecido pelos projetos The Legendary Tigerman ou Wraygunn, referiu que a produtora Trovas Soltas (também responsável pela produção em 2017) apenas o informou que iria organizar novamente o Coimbra em Blues, não o tendo convidado “de todo” para dirigir o festival.
“Acho que não será o mesmo festival. Acho que será outra coisa e seria bom que mudassem o nome do festival, o que, aparentemente, não fizeram. Não podia estar mais afastado ética e artisticamente do festival, como ele está neste momento”, criticou.
Paulo Furtado olha para esta situação com tristeza e lamenta que nunca o tenham abordado para dirigir o festival este ano.
“Eu poderia ter programado sem qualquer tipo de remuneração. Tenho muita pena que não haja respeito por todo um trabalho e direção do festival, que começou comigo e com o João Maria André [antigo diretor do TAGV]. Era o recomeço de uma relação com Coimbra, que, do ponto de vista oficial, é um bocadinho afetada por esta situação”, disse à agência Lusa o músico.
Para Paulo Furtado, a própria programação do Coimbra em Blues será diferente daquela que tinha assumido, quer em 2003, quando criou o festival, quer aquando do regresso do evento, em 2017.
“As coisas que eu programo não são coisas inócuas. São coisas que têm uma validade artística e uma importância na história da música e do blues. Não sei qual é que é a programação [deste ano], mas certamente será uma programação delicodoce e pouco incómoda. Eu nunca fui um programador desse género”, frisa.
Questionado pela Lusa, o responsável da Trovas Soltas, Adalberto Ribeiro, referiu que o facto de ter avançado com a programação do festival sem o músico, se deveu à incompatibilidade de datas com o artista, negando que não tivesse lançado um convite a Paulo Furtado.
Sobre o facto de se manter o nome do festival, Adalberto Ribeiro disse que a responsabilidade dessa decisão é do TAGV, “onde nasceu o festival”.
Em 2017, o festival foi organizado pela Câmara Municipal de Coimbra, sendo que este ano a sua organização voltou a ser assumida pelo TAGV, local onde arrancou em 2003.
O festival funcionou durante seis anos seguidos – com diferentes parcerias entre o TAGV e outras entidades públicas -, tendo regressado em 2011, depois de dois anos de interregno, já sem Paulo Furtado na direção artística e, na altura, também sem convidar o artista.
Desde essa sétima edição que o festival nunca mais se tinha realizado.
Este ano o festival decorre entre 15 e 16 de novembro, atuando no TAGV Julian Burdock & Danny del Toro, do Reino Unido, os portugueses Budda Power Blues & Maria João, o australiano Gwyn Ashton e a americana Shanna Waterstown.
O bilhete diário tem um custo de 20 euros, com o passe para os dois dias a custar 30 euros.
A agência Lusa tentou obter um esclarecimento junto da direção do TAGV, mas sem sucesso.
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