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Coimbra enrola na areia do Mondego entre o Choupal e a Lapa
Notícias de Coimbra teve acesso a informação que indica que, entre março e abril, as chuvas e correntes do rio Mondego provocaram um arrastamento de 70.000m³ de areia (10% da obra) que foi parar à zona já desassoreada, situada entre o Museu da Água no Parque Manuel Braga e as denominadas Docas do Parque Verde.
Contactada por Notícias de Coimbra (NDC) a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) confirma que “no período entre março e abril, existiram caudais superiores a 500 m3/s o que implicou a suspensão dos trabalhos por questões de segurança, dando cumprimento ao estabelecido no Caderno de Encargos”.
Fonte envolvida no processo de desassoreamento daquela zona, diz que antes na “enxurrada” poder-se-ia medir 3 metros de profundidade, mas que com arrastamento passou a haver apenas 50 cm de profundidade, ficando assim claro que, mal o São Pedro se zangue com Coimbra,o Basófias continuará a ser o que era.
O especialista garante ainda que as obras terminram alguns metros antes do previsto no estudo, ficando assim por desassorear 70.000m³ (para montante da Lapa dos Esteios, logo após a ponte Rainha Santa).
Tal medida prendeu-se com o facto de a CMC ter decidido sacrificar o desassoreamento de tais 70.000m³ a montante, para poder vir desassorear, novamente, aquela mesma quantidade de areia entre aquela zona entre o Museu da Água e as Docas.
A CMC responde que “neste momento, a obra encontra-se a decorrer pelo que não faz sentido fazer considerações avulsas sobre a mesma”.
Entretanto, a CMC esterá a levar à avante o desassoreamento do leito compreendido entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Açude onde há a desassorear, apenas, 30 cms.
A CMC defende ser mais produtivo desassorear 30 cms de areia do leito do Mondego entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Açude (que não faz diferença a ninguém) do que ir a montante da Lapa dos Esteios e cumprir com o previsto na obra para aquela zona, e assim prolongar a capacidade de encaixe de água e navegação do rio – ou seja, cumprir com o previsto para aquela área, pergunta a nossa fonte?
A CMC não responde, mas salienta que a empreitada é fiscalizada e monitorizada permanentemente, desde os fatores ambientais, como a qualidade da água, o ruído e a ictiofauna, até à verificação do cumprimento do estabelecido no Caderno de Encargos e ao acompanhamento de execução da obra de acordo, também, com a Declaração de Impacte Ambiental.Existe, ainda, uma Comissão de Acompanhamento, da qual fazem parte a Câmara Municipal de Coimbra e a Agência Portuguesa do Ambiente, que discute e analisa periodicamente os avanços da obra, garante a autarquia, depois de Manuel Machado ter vindo a dizer que está “tudo online”.
A construção de uma praia fluvial na curva do Rebolim (em frente ao Polo II da Universidade de Coimbra), que não consta do projeto desta obra de desassoreamento, também é questionada.
A questão que se impõe é a seguinte: O que vai acontecer à areia dessa eventual Praia Fluvial quando vierem as chuvas e correntes fortes de Inverno? Vai ser arrastada e assorear o que fora desassoreado e a “Praia” vai desaparecer?
Segundo o nosso contacto, para além de não fazer o que parece ser mais óbvio (desassorear a montante da Lapa dos Esteios, em vez de entre a Ponte Açude e a Ponte de Santa Clara), a CMC vai agravar o processo de assoreamento do rio na zona do Rebolim (onde se atravessa o rio de margem a margem com água pelos joelhos).
A CMC disse a NDC que “em relação ao Rebolim, está a ser melhorado o acesso ao rio Mondego e realizada a limpeza de vegetação, de lixeiras e de outros detritos sobrantes da antiga extração de areias empreendida pela extinta Betinerte”.
O restante será analisado num projeto específico subsequente, acrescenta a autarquia dirigida por Manuel Machado, que ainda não terá conseguido convencer o empreiteiro do desassoreamento a levar “umas carradas” de areia para o Rebolim.
Como se sabe, uma boa parte das areias está a ser depositada a jusante da Ponte Açude, o que já mereceu criticas por parte da associação ambientalista Quercus, de imediato refutadas por Manuel Machado.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) terá disponibilizado um terreno à beira do rio para que ali fossem depositados 200.000m³ de areia para que assim não fossem largados 700.000m³ de areia, de uma vez só e no mesmo local.
Tal iniciativa foi, segundo a nossa fonte, declinada pela CMC, porque, “tal não faz parte do projetado para esta obra de desassoreamento” E a Praia Fluvial faz?, ironiza.
Lembramos que as divergências sobre o quem deve fazer o quê no Mondego não são de agora, por exemplo, antes da empreitada em curso, a Câmara de Coimbra considerava que a APA era responsável pelo desassoreamento do Mondego.
A CMC entende que os sedimentos dragados são propriedade do dono da obra, isto é, da Câmara Municipal de Coimbra, que lhes dará o destino que julgue por conveniente, sendo que, em cumprimento do projeto, a areia encontra-se destinada, prioritariamente, e no âmbito desta empreitada, para a regularização do rio Mondego a jusante do Açude-Ponte”
NDC apurou que a Agência Portuguesa do Ambiente requereu ainda à CMC 30.000m³ de areia para uma outra obra da sua responsabilidade.
A CMC confirma que “neste neste momento, está em análise, pelos serviços de fiscalização, um pedido da Agência Portuguesa do Ambiente para a disponibilização de 35.000 m3 de areia para a requalificação, que a mesma adjudicou, do leito periférico direito”.
A Câmara Municipal de Coimbra, que entendeu não responder a alumas questões colocadas por NDC, afirma que está a executar a empreitada de desassoreamento do rio Mondego, que foi lançada pela autarquia nos termos do Contrato Interadministrativo/Acordo de Parceria com o Ministério do Ambiente, assinado no dia 4 de julho de 2016, crucial para se evitarem episódios de cheias como as que ocorreram nesse ano.
Reçembra que este é um investimento superior a quatro milhões de euros, comparticipado por fundos comunitários, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos – POSEUR, tendo a Câmara Municipal de Coimbra suportado a contrapartida nacional.
O objeto desta empreitada é a dragagem de 700.000 m3 de sedimentos a montante do Açude-Ponte, de acordo com as cotas definidas no projeto de execução, que tem como objetivo repor o leito do rio verificado em 1985, antes da construção do açude, tendo o projeto sido elaborado e sendo acompanhado pela Agência Portuguesa do Ambiente, salienta o município de Coimbra.
Entretanto, no estaleiro do depósito das areias da Ponte Rainha Santa, a areia acumula-se (a Mota- Engil não sabe onde a meter?) e a CMC vai continuando a fazer o que nos parecer ser inversamente proporcional ao senso comum, lamenta este interessado na obra.
Contactada por NDC, para nos dar o seu ponto de vista, a Mota-Engil não respondeu ao nosso e-mail.
Recordamos que o “Desassoreamento da Albufeira do Açude-Ponte de Coimbra” foi entregue à Mota – Engil – Engenharia e Construção S.A., pelo valor de 4.031.140 euros (c/IVA), que com um prazo de execução de 730 dias, o que remeteria a conclusão da obra para o verão de 2019.
Em janeiro de 2018, um representante da Mota-Engil garantiu que o desassoreamento do Mondego em Coimbra deverá ficar concluído em setembro deste ano de 2018, o que reduziria para metade o prazo contratualmente previsto para a execução da obra.
O Município de Coimbra afiança que o desassoreamento do Mondego, iniciado em agosto de 2017, vai evitar cheias e permitir, com outras intervenções projetadas ou já em curso, a valorização e integração efetiva do rio e suas margens na cidade.
Recordamos que as últimas grandes cheias, nos primeiros meses de 2016, inundaram os estabelecimentos de restauração do Parque Verde.
Em abril de 2018, a edilidade conimbricense consignou obra de ampliação desses edifícios de restauração, construídos no âmbito do “Plano de Pormenor do Parque Verde do Mondego entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Europa – Margem Direita”, sendo expectável que espaços abram no Verão de 2019.
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