Coimbra
9,8% da população do Centro tem Diabetes
A prevalência da diabetes na região Centro encontra-se alinhada com a média nacional, que ronda os 9,8% da população diagnosticada entre os 18 e os 74 anos, disse hoje à agência Lusa o coordenador regional da doença.
“Estima-se que existam muito mais, entre 13,9% da população, mas há muito mais pessoas que serão diabéticas só que não estão diagnosticadas”, referiu Hélder Ferreira, que coordena o Programa Regional da Diabetes da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC).
Segundo o médico, que falava à agência Lusa na Lousã, à margem da sexta e última reunião de um ciclo de sessões para debater a diabetes no Centro, “esta região é, mesmo assim, a nível do país das que tem melhores indicadores de diabetes”.
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Para Hélder Ferreira, que é também vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, para a obtenção de bons indicadores na doença contribuiu a criação, há cerca de 10/15 anos, das consultas individualizadas de diabetes nas unidades dos cuidados de saúde primários (centros de saúde).
De acordo com o especialista, a prevenção é a melhor arma para estancar o aumento exponencial da diabetes em Portugal, que é uma “doença transversal” e que já atinge mais de um milhão de portugueses.
“Temos de atuar antes de aparecer diabetes ou, quando há situações diagnosticadas, diminuir as complicações. Por vezes, as pessoas desvalorizam a doença porque não dá sintomas, mas as suas complicações agudas ou tardias matam”, frisou o especialista.
As complicações agudas “podem matar no momento, como a hipoglicémia, em que a pessoa pode entrar em coma e falecer, mas felizmente são raras as mortes por estas situações atualmente”.
“O que é mais preocupante são complicações que aparecem ao fim de alguns anos de se ter a diabetes, como a cegueira, a insuficiência renal, os enfartes, AVC e a doença arterial periférica, que pode levar ao chamado síndrome do pé diabético, com amputações dos membros”, explicou Hélder Ferreira.
O coordenador do Programa da Diabetes da ARS do Centro salientou ainda que “os problemas cardiovasculares que surgem associados à diabetes representam 50% das causas de morte nos doentes com diabetes tipo 2 – e podem representar a perda de 12 anos de vida”.
“A pessoa com diabetes é, por norma, um paciente com multimorbilidade, o que implica polimedicação, com todos os benefícios e eventuais interações e efeitos secundários dos fármacos” disse o especialista, frisando que “muitos medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, levando à toma de forma incorreta e utilização de fármacos sem evidência científica”.
Promovida pela Sociedade de Diabetologia e ARSC, a formação de hoje é a última de um ciclo de seis reuniões e dirigiu-se aos profissionais de saúde das unidades de cuidados primários (médicos e enfermeiros) para debater e analisar “a aplicabilidade e a eficiência dos planos de saúde nacionais na área da diabetes, o tratamento em Portugal e o acesso à inovação, em particular no Centro do país”.
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