Cidade
7 horas de cortejo da Queima das Fitas entre a Alta e a Baixa de Coimbra!
Coimbra voltou a ver e receber mais um Cortejo da Queima das Fitas.
Os 100 carros demoraram mais de 7 horas para fazerem o percurso entre a Universidade e a Baixa da cidade. Já passavam das 10 da noite quando as últimas viaturas chegaram ao Largo da Portagem.
Com o tempo quente a ajudar, milhares de litros de cerveja jorraram pelas goelas e por cima dos corpos dos estudantes, em autênticos banhos de cevada, num cenário que se vem generalizando ano após ano.
“Acho um bocado exagerado. É álcool a mais e a maior parte dos estudantes acaba por não aproveitar a festa”, lamenta Graça Alves, que foi ao cortejo para assistir à primeira Queima das Fitas do filho, que estuda Marketing e Negócios Internacionais.
100 carros alegóricos participaram no cortejo, que começou às 15:00, com o Grupo de Gaiteriros da Rainha Santa a abrir o desfile, seguido de um grupo de médicos que assinalava os 25 anos de curso.
Como é tradição, o cortejo era encabeçado pelo carro de Medicina, que apresentava um primeiro-ministro à “pesca de uma vaga”.
“Queremos denunciar que o método da nova prova de medicina não é o mais justo. Antes, todos os estudantes sabiam que quando entravam no curso tinham no final uma vaga para tirar a especialidade, o que não vai acontecer”, explicou a finalista Ana Silva, de Vila Nova de Gaia.
A futura médica, de 25 anos, considera que o primeiro-ministro “devia ter a noção que o país está a formar dos melhores médicos do mundo, que têm de ir para outros sítios onde sejam valorizados”.
“Em 2018, um terço dos estudantes ficaram sem vaga na especialidade e ficam como médicos indiferenciados”, disse Ana Silva, que deposita muita confiança na sua próxima etapa profissional.
Mas o carro que deu mais polémica nos dias que antecederam o cortejo foi o de História, que inicialmente tinha o nome de “Alcoholocausto”, mas que foi impedido pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra de o fazer.
Desfilando sem nome, os estudantes de História deixaram a sua posição bem vincada: “com esta polémica toda, parece que ainda há polícia académica”.
A crise académica de 1969 não passou ao lado dos novos fitados, sobretudo aos de Bioquímica, que afixaram um cartaz dizendo: “Há 50 anos pedíamos a palavra, hoje imploramos por emprego”.
Encontrar trabalho na área é agora o grande desafio de Eliana Fernandes, de Viseu, que termina este ano o curso de Bioquímica, já que continuar os estudos não está, neste momento, nos seus horizontes.
Ano após ano, os estudantes são acusados de perderem a criatividade e o sentido crítico, mas o curso de Ciências da Educação questionou: “Criatividade para quê se temos o ctrl c e ctrl v?”, ou seja, a cópia e a colagem através da Internet.
Depois de 21 anos sem carro alegórico, o curso de História de Arte voltou a participar no desfile. “Era altura de fazer alguma coisa diferente e o carro fazia falta, ajuda-nos a estarmos mais unidos num ambiente de festa”, argumentou Margarida Antunes, do 2.º ano daquela licenciatura.
Entre bengaladas nas cartolas e banhos de cerveja, os estudantes abraçaram e cumprimentam familiares e amigos que assistiam ao cortejo.
“É uma alegria indescritível, é o culminar de uma fase trabalhosa e árdua, que nos traz um sentimento de vitória”, enfatiza Fernando Monteiro, de Castelo Branco, finalista de Direito.
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