Saúde

Cuidado com apneia do WhatsApp, depressão do Facebook e síndrome do Google…

Notícias de Coimbra | 9 anos atrás em 16-05-2016

O uso inadequado das novas tecnologias pode favorecer o aparecimento de novas condições psicológicas como, por exemplo, a apneia do WhatsApp (ansiedade por consultar mensagens de maneira compulsiva), a depressão do Facebook (necessidade de ver perfis de outros utilizadores como forma de reduzir a tristeza ao recordar momentos felizes do passado)e a síndrome do Google (o cérebro não consegue recordar e esquece dados como consequência do uso frequente de motores de busca).

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Estas são algumas das conclusões de uma análise aos comportamentos online de portugueses e espanhóis realizado pela Guess What Comunicação em colaboração com a empresa Evidentia Marketing e a agência de comunicação espanhola Torres & Carrera.

Na véspera do Dia Mundial da Internet, estes dados vêm lembrar que a generalização do uso das redes sociais e dos serviços de mensagens instantâneas provoca a sensação de estarmos ligados aos outros através de um “like” ou de um “tweet”. As novas tecnologias propiciam novas conexões cerebrais e favorecem novos métodos de aprendizagem.

No entanto, as denominadas “tecnopatologias” estão apenas a um passo das doenças profissionais que acabarão por se consolidar, ainda que hoje se mantenham a meio caminho entre a patologia reconhecida e as manias pessoais. Estas condições são apenas exemplos das consequências que acarreta a saturação tecnológica a que estamos expostos hoje em dia.

As tecnopatologias mais recorrentes são:

– Apneia do Whatsapp – Consultar o Whatsapp de forma compulsiva, sempre à espera de ter recebido uma nova mensagem;

– Síndrome da chamada imaginária: Esta síndrome desencadeia-se quando o nosso cérebro nos faz imaginar que ouvimos o som de um telefone a tocar;

– Nomofobia: Nome que se dá à ansiedade e medo irracional da possibilidade de perder o telemóvel ou sair de casa sem ele;

– Depressão do Facebook: Afeta as pessoas que têm necessidade de ver perfis de outros utilizadores como forma de reduzir a tristeza ao recordar momentos felizes do passado;

– Síndrome do Google: O cérebro não consegue recordar-se de um determinado dado como consequência de poder aceder facilmente a essa informação a qualquer momento.

– Hipersensibilidade electromagnética: É um transtorno neurológico que afeta determinadas pessoas que reagem perante as radiações electromagnéticas não ionizantes como aquelas que são emitidas pelos telemóveis ou antenas de rádio.

De acordo com o psiquiatra e premiado investigador Tiago Reis Marques (natural de Coimbra), “nenhuma destas condições é reconhecida atualmente pelo meio médico. No entanto, a verdade é que o uso excessivo da internet (Facebook, Whatsapp, etc.) pode interferir negativamente nas relações interpessoais, e esses indivíduos podem apresentar fenómenos de tolerância bem como sintomas de abstinência, muito semelhantes aos que as pessoas com adições apresentam. Faço um paralelismo com a dependência dos videojogos, um fenómeno com cerca de 20 anos após a introdução na sociedade de jogos electrónicos extremamente populares entre adolescentes e jovens adultos”.

Já Marta Barroso Gonçalves, Digital Manager na Guess What considera que “as novas tecnologias, que de novo nada têm, são já parte integrante do nosso dia-a-dia. Não há um despertar sem o alarme do telemóvel, é impensável estar num restaurante sem alguém a navegar nas sua rede de amigos, é inimaginável não acompanhar a mais simples notícia numa plataforma digital.

Este é o nosso panorama atual e nada podemos ou devemos fazer para fugir dele. Aceitando tal como é, só nos resta adaptar e resolver qualquer tipo de exagero ou conter a utilização desmedida para não cairmos numa teia de novas condições psicológicas, estas sim novas e contornáveis.”

Segundo o relatório da ANACOM “O consumidor de comunicações electrónicas 2015”, há cada vez mais os portugueses (com 15 ou mais anos) a consumir serviços de telecomunicações, tendo subido a percentagem dos que utilizavam três ou mais serviços de telecomunicações, de 59% em 2011, para 75% em 2015.

De acordo com o mesmo relatório, 73% dos lares têm serviços em pacotes, 40% dispõem de acesso a banda larga fixa por fibra ótica, 38% das pessoas têm banda larga no telemóvel e 67% dos utilizadores de telemóvel têm smartphones.

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