Saúde

500 mil utentes vão ter médico de família após colocação de 314 especialistas 

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 26-05-2023

 Cerca 500 mil utentes vão passar a ter médico de família na sequência da colocação de 314 desses especialistas de medicina geral e familiar no concurso de recrutamento aberto no início do mês.

“Estamos a falar, para o país todo, de meio milhão de utentes que ganham médico de família. Acho que isso é uma notícia muito boa para as pessoas”, adiantou hoje à agência Lusa o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo Fernando Araújo, no caso de Lisboa e Vale do Tejo, a região do país com maior carência de clínicos desta especialidade, cerca de 200 mil pessoas vão ter médico de família nos próximos meses.

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Do total de 314 médicos, foram colocados 113 em Lisboa e Vale do Tejo, correspondendo a 29% das colocações, seguindo-se o Norte com 109, o Centro com 73, o Algarve com 14 e o Alentejo com cinco.

Em 02 de maio, foram lançadas a concurso 978 vagas para medicina geral e familiar, correspondentes a todos os lugares em falta no país, para reter os recém-formados e para atrair especialistas que não estivessem no SNS, mas o Ministério da Saúde admitiu, na altura, como realista a contratação de 200 a 250 médicos de família.

Perante a colocação dos 314 médicos, 36 dos quais que estavam foram do SNS, Fernando Araújo salientou que esses resultados “claramente superam as expectativas” e que este foi o concurso “mais rápido que foi aberto desde sempre”, cerca de três meses mais cedo do que nos últimos anos, ou seja, uma semana após a homologação das notas dos exames de especialidade.

Na prática, o preenchimento destes 314 postos de trabalho corresponde a cerca de um terço das necessidades do SNS na área da medicina geral e familiar, tendo em conta que, em abril, quase 1,7 milhões de utentes não tinham médico de família, um aumento de 29% no período de ano.

Entre abril de 2022 e o mesmo mês deste ano, o número de utentes acompanhados por esses especialistas de medicina geral e familiar baixou de cerca de 9,1 milhões para pouco mais de 8,8 milhões.

Perante esses dados, o diretor executivo garantiu que pretende “manter este esforço” para captar todos os recém-especialistas e todos os médicos de medicina geral e familiar que saíram do SNS nos últimos anos.

Depois de reconhecer que “há muitos problemas” ainda por resolver nesta área, Fernando Araújo apontou medidas que têm sido tomadas, como a desburocratização das funções do médico de família, a melhoria das condições dos seus locais de trabalho e a generalização das Unidades de Saúde Familiar modelo B.

Segundo disse, o aumento de utentes sem médico de família deve-se a várias razões, como o elevado número de aposentações em 2022 e 2023 e que continuará no próximo ano, mas também ao facto de “muitos profissionais terem desistido do SNS”.

“Acho que estamos agora na altura certa de tentar dar-lhes uma nova visão, algo em que também possam acreditar”, afirmou Fernando Araújo, para quem a dificuldade em captar médicos para o serviço público não é exclusiva de Portugal, verificando-se também em países como Espanha, que tem “taxas de retenção muito baixas”.

De acordo com a direção executiva, estas 314 colocações representam o segundo maior número de médicos de família de sempre contratados para o SNS por concurso, depois de 2020, ano do início da pandemia da covid-19, quando entraram 319 especialistas.

“Acima de tudo, os médicos estão a dar um voto de confiança ao SNS. Estavam, de alguma forma, descrentes e estão a dar este voto de confiança no projeto, na estratégia e estão a aderir. Compete, do nosso lado, tentar responder aos anseios e aos desafios que os próprios colocam”, afirmou Fernando Araújo.

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