Educação
25 de Abril: Associação Académica de Coimbra preocupada com desinteresse político dos jovens

A Associação Académica de Coimbra mostrou-se hoje preocupada com o desinteresse e a apatia política sentida entre os mais jovens, alertando para a importância de se recordar os valores e as conquistas do 25 de Abril de 1974.
“É particularmente preocupante o desinteresse e a apatia política sentida entre os mais jovens, resultado da falta de educação cívica perpetuada por um sistema de ensino que não os prepara para uma participação ativa na sociedade”, afirmou o presidente da Associação Académica de Coimbra”, Carlos Magalhães.
A Associação Académica de Coimbra apresentou, ao final da manhã de hoje, no terraço da sua sede, uma carta à Democracia Portuguesa, que pretende “refletir o estado a que hoje se chegou”.
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“Falamos de conquistas, mas não as podemos dar como garantidas, nem pensar que nunca mais cairemos na escuridão e na censura. Hoje temos oportunidade de apresentar esta carta para refletir os valores de Abril e o que deve ser a democracia de hoje”, justificou.
As preocupações dos estudantes, vertidas na Carta da Associação Académica de Coimbra à Democracia Portuguesa, serão enviadas aos partidos políticos, bem como aos candidatos a deputados na Assembleia da República.
Neste documento, os estudantes de Coimbra recordaram a primeira eleição realizada no pós 25 de Abril, em 1975, destinada a eleger a Assembleia Constituinte, que simbolizou a possibilidade de um sufrágio universal e verdadeiramente livre, inédito até então.
Essas eleições registaram uma afluência às urnas de 91% dos eleitores, “tornando-se a eleição mais participada da história do país”, no entanto, nas últimas eleições legislativas os resultados foram muito diferentes.
“Nas legislativas de 2024 registou-se uma preocupante taxa de abstenção de 40,16%, a mais baixa desde 1995, mas ainda muito aquém dos 9% registados em 1975. À medida que nos afastamos daquela madrugada de Abril, torna-se alarmante o claro desinteresse generalizado pela estabilidade do sistema democrático português e pela escolha daqueles que nos representam nos órgãos de poder”, apontou Carlos Magalhães.
Segundo os estudantes de Coimbra, a crescente distância entre eleitores e eleitos “conduz a uma perceção errada de que a política é apenas para as ‘elites’, na qual nada do que é prometido se concretiza”.
“Este cenário abre espaço para o crescimento de movimentos populistas, outrora afastados, que agora regressam com força, promovendo o discurso de ódio e a divisão na sociedade”, acrescentaram no documento.
Para que tal seja evitando, os estudantes defenderam a importância de se recordarem os valores e as conquistas de Abril, “perante as forças autoritárias que corroem as democracias liberais na Europa e no mundo”.
“Perante um mundo flagelado por desafios crescentes, sejam os proliferantes conflitos armados, promotores de graves crises humanitárias e sociais, bem como a descontrolada perpetuação de extremismos e radicalismos, impera que a juventude tome as rédeas do seu futuro, construindo um mundo que honre os valores de abril. Um mundo livre, democrático e igualitário”, pediram.
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