Portugal

11 de setembro de 1985: Quando ocorreu uma das maiores tragédias nacionais

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 5 dias atrás em 13-09-2024

Imagem: FOTO: Aureliano Simões de Fiais da Telha

11 de setembro de 1985. Para muitas famílias esta data vai ficar na memória há 38 anos. O desastre ocorreu na freguesia de Moimenta Maceira Dão, no concelho de Mangualde. Foi o maior desastre ferroviário em Portugal.

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A colisão de dois comboios perto do apeadeiro de Moimenta-Alcafache provocou centenas de mortos.

A bombeira Marília Moita, em 2008, deu uma entrevista à SIC, na qual contava que, nesse dia, estava nos serviços telefónicos de emergência. Quando recebe a chamada a descrever um cenário infernal com chamas e pedaços de corpos espalhados.

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O que se sucedera fora uma infelicidade, sendo que as causas desta tragédia e o número de vítimas ainda hoje são alvo de discussão.

É uma série de acontecimentos sucessivos, no qual o primeiro começa às 15:57, quando um dos comboios (Sud-Express) parte de Campanhã, no Porto, com destino a Paris-Austerlitz. Levava à volta de 400 passageiros, a maior parte emigrantes que tinham vindo passar férias a Portugal. Contudo, sai atrasado 17 minutos.

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Quase uma hora depois, às 16:55, parte da estação da Guarda um comboio regional com destino a Coimbra, cumprindo o horário. Ambos os comboios terão de, a certa altura da sua viagem, passar no mesmo troço da Linha da Beira Alta.

O Sud-Express chega a Nelas às 18:19. Entretanto, o comboio regional alcança quatro minutos depois a estação de Mangualde, a poucos quilómetros. Aqui, tendo em conta o atraso do comboio internacional, esta locomotiva devia ter aguardado. Mas não o fez, pode ler-se num artigo da National Geographic.

O acidente fatal ocorre às 18:37, quando o internacional 315 e o regional 1324 chocam com estrondo e violência, descarrilando ao longo de dezenas de metros.

Na altura e em anos posteriores, os bombeiros que participaram na operação de salvamento descreveriam um cenário de absoluto horror. Relatam pais abraçados aos filhos, choros, gritos, metal retorcido, cinzas, gente já carbonizada. Foi aberta uma vala comum no local do fatídico acidente.

Para agravar a situação, o derrame de gasóleo das locomotivas gerou violentos incêndios.

Vítor Morais foi um dos sobreviventes. Na reportagem à SIC, referiu que acabara de se sentar depois de arrumar as malas, tendo subido ao regional de Coimbra em Alcafache, quando se ouviu um barulho estrondoso.

De súbito, teve um apagão. Quando voltou a acordar, sentindo um peso em cima de si, estava ensanguentado e à sua volta encontrou uma amálgama metálica do que foram as carruagens.

O comandante dos bombeiros de Nelas quantificou a tragédia em 300 mortes, complementando que haveria mais gente falecida do que viva no meio dos destroços, no entanto, desconhece-se, ainda hoje, o número exato de vítimas.

Sabe-se que, no local onde hoje se encontram os monumentos que recordam a tragédia.

Perante o número de desaparecidos, algumas estimativas colocam o número de vítimas de Alcafache na ordem dos 150.

Esta tragédia contribuiu para a alteração por completo da forma como se encarava politicamente o serviço de comboios no nosso país. Foi instalada uma rede de sistemas mais avançados de comunicação e sinalização do tráfego, o que teria impedido este desastre, e o controlo de velocidade, que tornou estes desastres muito mais difíceis de acontecer. Além disso, a introdução de sistemas de rádio solo, que permitem que os maquinistas comuniquem entre si e com as centrais de controlo, é outra herança de Alcafache.

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