1000 animais abandonados por ano em Coimbra

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 09-03-2018

Um milhar de animais são abandonados/recolhidos por ano no concelho de Coimbra e os meios para responder à situação são, como “em todo o país”, insuficientes, afirmou hoje o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários.

caes-abandonados

Embora não disponha de dados que permitam comparar aquela quantidade com a média nacional ou de outros municípios, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), Jorge Cid, disse hoje à agência Lusa que se trata de um número de abandonos “muito elevado”.

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Muitos municípios não possuem sequer centro de recolha oficial (CRO) de animais, destaca Jorge Cid, exemplificando que na região Centro apenas existem 35 destas estruturas (sucessoras dos antigos canis/gatis), correspondentes a cerca de metade dos concelhos que integram a zona Centro.

Além disso, adverte, “todos os CRO de animais existentes no país estão sobrelotados”, incluindo, naturalmente, o de Coimbra.

Muitos municípios não dispõem de recursos financeiros para avançaram com a construção dos respetivos centros de recolha, nem, por outro lado, de meios técnicos e humanos para, depois, os colocarem em funcionamento, reconhece Jorge Cid, sublinhando que, no entanto, as câmaras estão cada vez mais sensibilizadas e empenhadas em resolver a situação.

A OMV lançou, entretanto, o Programa de Apoio de Saúde Preventiva a Animais em Risco, normalmente denominado ‘cheque veterinário’, para criar “uma rede de cuidados primários médico-veterinários para animais em risco, nomeadamente no que se refere à vacinação, desparasitação, identificação eletrónica e esterilização”.

O projeto, que abrange animais abandonados e recolhidos pelas autarquias e animais de famílias carenciadas, e que deverá começar a ser executado dentro de um mês, envolve “várias dezenas” de veterinários, cujo trabalho é gratuito, sendo os custos dos materiais suportados pelas autarquias, acrescenta.

Assegurando “as melhores práticas clínicas”, a Ordem espera, com o projeto, contribuir de forma decisiva para combater o “flagelo dos animais abandonados”, no prazo de “alguns anos, talvez cinco, seis ou sete anos”.

O principal objetivo do programa é precisamente “dotar os municípios com os instrumentos necessários” para responder a este problema e, portanto, para também dar cumprimento à lei 27/2016, que define “as medidas para a criação de uma rede de CRO de animais” e estabelece, designadamente, a proibição do “abate de animais errantes como forma de controlo da população”.

O ‘cheque veterinário’ assume-se, assim, como “a forma mais eficaz, neste momento, para dar uma resposta nacional às necessidades dos municípios que têm de assegurar o bem-estar dos animais abandonados e recolhidos pelos CRO”, sustenta o bastonário.

Além disso, o programa também “permite que as famílias com baixos rendimentos, identificadas pelas autarquias, tenham acesso a serviços médico-veterinários certificados e de grande qualidade técnica e científica”.

A OMV continua a promover reuniões, abertas a todos o interessados, designadamente responsáveis e técnicos dos municípios, a próxima das quais está agendada para sábado, às 10:30, em Coimbra, nas instalações do Conselho Regional do Centro da Ordem.

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